sábado, 30 de junho de 2012

SOU SÓ UM GURI DA RUA

Tinha que sair.Está chovendo e frio.
Procurei minha capa e meu guarda-chuva, não os achei.
Onde será que coloquei? Que droga, como vou sair?
Que falta de sorte! Depois fiquei pensando, porque isso, ?
Se tenho tanta coisa. Tenho uma casa, um teto que me abriga.
Tenho cobertas e roupas, tenho uma sopa quente.
Mas e aqueles que nada têm, como é que não reclamam?
E eu tenho tudo e só reclamo.  Se não achei minha capa e
meu guarda chuva é porque fui descuidada.
Mas quantas crianças, quantos velhos,
estão atirados pela rua, sem ter nada para aquece-los.
Senti uma vergonha muito grande.Me senti egoísta, injusta.
Quando vi aquele pequeno corpo, estendido no chão,
coberto com folhas de jornal, meus olhos se encheram de lagrimas.
Abaixei-me , fiz um afago, o corpinho de criança estremeceu...
Abriu os pequenos olhos, tristes e sem brilho,
sorriu lentamente para mim, nem para sorrir  a criança tinha forças.
Segurei sua mãozinha, que mais parecia um saquinho de ossos, senti
uma vontade imensa de abrá-lo, de apertá-lo comtra mim
na tentativa de aquecer aquele pequeno corpo.
Troxe um café quentinho, "tá a fim", perguntei.
Sem uma resposta, o menino pegou o copo com seus
dois saquinhos de ossos, sorveu o conteúdo tão rapido
que nem respirou.
Sabe quanto tempo dona eu não tomo um café quando acordo,
falou ele, não sei ... perdi as contas , disse tristemente.
Mas olha dona "valeu".
Quem sabe ao meio dia uma outra dona venha me dar comida.
A dona não sabe como é dificel pedir esmolas.
Eu prefiro pedir do que roubar, mas nem sempre as pessoas me ajudam.
Muitas fogem com medo de ser assaltado.
Mas eu só sou um menino de rua.
Não tenho culpa se não tenho uma mãe e um pai.
Não tenho culpa se não tenho uma casa para morar.
Bem que eu queria ter tudo isso, mas
ninguém quer cuidar de um guri sujo como eu.
então fico por aqui mesmo.
Quem sabe um dia não é dona, alguma alma me olhe
com outros olhos, mas não quero que me olhe com pena
ou compaixão.
Quero que me olhem se não com amor,
com um pouco de carinho.
Sou sim um guri da rua, mas sou porque não tive escolha.
Por isso escolho o amor em vez de pena.
Escolho o carinho em vez da solidão.
Dona, eu vi carinho em seu olhar!
Então pode me abraçar, eu não vou te sujar.....

Tania

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